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RESUMOS DOS TRABALHOS.

NB: Os resumos estão dispostos conforme sua ordem de apresentação no Colóquio.

 

 

Terça, 3 de março, das 14:00 às 16:00.

 

Workshop: Retratos de personalidades na Antiguidade: ângulos e registros diversos.

Módulo 1: Retrato dos monarcas persas nas Histórias, de Heródoto

Carmen Soares, Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.

O workshop vai se dedicar a um trabalho prático, visando a uma melhor compreensão dos recursos utilizados por Heródoto para a composição dos retratos de Ciro, Cambises, Dario e Xerxes ao longo de sua obra Histórias. Através do trabalho de análise de passagens selecionadas, faremos um debate sobre os modos utilizados pelo historiador para a composição do retrato.

 

Terça, 3 de março, das 16:30 às 17:30.

 

A idealização do Optimus Princeps nas obras de Tácito e Plínio, o Jovem

João Victor Lanna de Freitas, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História.

Em 98 d.C., o historiador Cornélio Tácito afirmou que o contexto vivenciado por ele era felicíssimo (Agr. 3, 1). Já Plínio, o Jovem, em Pan. VIII, 1, vai agradecer ao imperador Nerva por garantir a felicidade, segurança e a liberdade através de um sucessor escolhido, não só pelo princeps, mas por todos os homens e deuses: Trajano. A mensagem do Panegírico a Trajano e da Vida de Agrícola é evidente: sob a tutela de Nerva e Trajano, a aristocracia romana gozou de libertas, pois agora vivia segura, livre do medo que reinava sob o governo de Domiciano. Plínio e Tácito foram parte importante da aristocracia daquela época. Suas obras são fundamentais para a compreendermos os anseios e expectativas da elite senatorial quanto à atuação do imperador. Diante dessas considerações, o objetivo dessa comunicação é analisar como o retrato do optimus princeps é delineado nas obras de Tácito e Plínio, o Jovem e personificado sob a imagem de Trajano.

Entre a gula e a frugalitas: retratos à mesa. Os imperadores flavianos sob a ótica de Suetónio.

 

Inês de Ornellas e Castro, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade Ciências Humanas e Sociais, Instituto de Estudos de Literatura Tradicional.

O propósito de nossa comunicação é examinar o tema dos retratos a partir de um contexto particular e muito importante para a vida social dos romanos: o da mesa. Para tanto faremos uma distinção entre a mesa privada dos imperadores em articulação com outra mesa, a pública, ou seja as formas de distribuição alimentar propiciada aos cidadãos em cada principado. Veremos como esta articulação é sabiamente trabalhada por Suetónio para reinventar o perfil moral de cada sujeito biografado. Para tanto, tomaremos os dois últimos livros das Vidas dos Césares de Suetónio como principal fonte documental da nossa análise.

 

Terça, 3 de março, das 17:30 às 18:30.

 

O retrato de Teodorico II, rei dos visigodos, por Sidônio Apolinário.

Gustavo Henrique Soares de Souza Sartin, Universidade Federal de Ouro Preto, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História.

Apresentaremos a carta de Sidônio Apolinário a seu cunhado Agrícola, na qual ele retrata o rei dos visigodos, o recém-empossado Teodorico II.

 

O retrato de Alexandre em Quinto Cúrcio e o Principado Romano.

Fábio Faversani, Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Departamento de História.

Quinto Cúrcio escreveu no século I d.C. uma História de Alexandre Magno. A obra é produzida em uma época em que a sociedade romana passa por uma transformação importante e busca construir parâmetros para melhor avaliar os limites de uma grande criação política, o Principado. Nosso objetivo é estudar como Quinto Cúrcio, ao apresentar seu estudo sobre esse importante personagem do passado, está em larga medida buscando projetar no presente os limites de atuação de alguém com grande autoridade. Nossa intenção é analisar como passado e presente estabelecem uma relação de construção recíproca, que chamaremos de allelopoieisis. A nosso ver, o tratamento dado por Quinto Cúrcio ao seu objeto não é exatamente um uso do passado, mas um processo de construção mútua.

 

Quarta, 4 de março, das 14 às 16 horas.

 

Workshop: Retratos de personalidades na Antiguidade: ângulos e registros diversos.

Módulo 2: O Retrato de Alcibíades.

Maria do Céu Fialho, Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.

A atividade se dedica à análise, em conjunto com os participantes, de passagens de documentos antigos que podem ser utilizados pelo estudioso moderno para compreender como se dava a constituição do retrato de personalidades públicas, tomando o importante exemplo de Alcibíades, que influenciou diversas épocas e comunidades políticas.

 

Quarta, 4 de março, das 16:30 às 17:30.

 

Virtus Augusta: as representações militares de Augusto.

Paulo Henrique Franco Cavalheiro, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Letras.

O objetivo de nosso trabalho é apresentar, sobretudo em moedas e na Eneida de Virgílio, que as formas de representação da uirtus de Augusto entrecruzam mito e história no período de Otaviano, apresentando-o como um “novo Enéias” e portador de um império sem fim. Tentaremos demonstrar, portanto, o modo como as representações de Otávio Augusto no poema épico de Virgílio e na numismática, mesmo que indiretamente, relacionam seus feitos militares, recorrendo a efeitos retóricos para perenizar a imagem do princeps.

 

A sucessão imperial em imagens: o retrato do jovem Nero na sucessão imperial do governo de Cláudio.

Willian Mancini Vieira, Universidade Federal de Ouro Preto, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História.

Esta comunicação tem por objetivo apresentar como a imagem de Nero passa a ser veiculada nas moedas do período Claudiano como sucessor de Cláudio. Esta imagem torna-se foco de análise graças a alguns fatores, a saber: 1. desde Augusto a tradição de se veicular a imagem de sucessores não tinha se mostrado tão sólida; 2. o fato de dividir espaço com Britânico, o outro filho de Cláudio, e também postulante ao trono imperial, e 3. a construção de um cursus honorum. No intuito de cumprir este objetivo, faremos uso de moedas cunhadas em Roma e nas províncias, acompanhando semelhanças e diferenças nas cunhagens no que se refere à imagem de Nero.

 

Quarta, 4 de março, das 17:30 às 18:30.

 

O retrato de Cláudio em Apocolocintose, de Sêneca.

Jéssica Honório de Oliveira Silva, Universidade Federal de Ouro Preto, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História.

Sêneca é um nome intimamente ligado ao governo romano e suas intrigas palacianas. Político e filósofo, ele foi o principal expoente da filosofia romana depois de Cícero. Foi assim, em certa medida, um compositor de sentidos tanto políticos como éticos no Principado. Na tentativa de ridicularizar o imperador Cláudio - possivelmente por conta do exílio a que foi condenado – e exaltar seu sucessor Nero, o filósofo estoico escreveu Apocolocintose. O objetivo do trabalho é investigar como em uma sátira Sêneca mostrou o imperador Cláudio como um dos piores imperadores de Roma contribuindo assim para a composição de um retrato negativo para a posteridade além de imprimir uma imagem da aristocracia romana igualmente corrupta.

 

A Consolatio ad Polybium, de Sêneca, e a ideologia romana da escravidão.

Fábio Duarte Joly Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Departamento de História.

A carta consolatória escrita por Sêneca, durante seu exílio na Córsega, a Políbio, liberto imperial de Cláudio, tem sido interpretada pela historiografia moderna sob duas perspectivas. Por um lado, é discutida sua estrutura literária, tendo em vista o gênero da consolação na Antiguidade. Por outro lado, análises históricas buscam perceber como o filósofo apresenta o imperador Cláudio nos quadros de uma reflexão estoica sobre o poder imperial. Embora ambas as análises sejam pertinentes, o objetivo desta comunicação volta-se para o próprio retrato do liberto por Sêneca e como este se conforma ao que poderíamos chamar de uma ideologia romana da escravidão.

 

Quinta, 5 de março, das 14 às 16 horas.

 

Workshop: Retratos de personalidades na Antiguidade: ângulos e registros diversos.

Módulo 3: Retratos suetonianos dos imperadores: do eidos ao ethos.

José Luís Brandão, Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.

Ao delinear o retrato físico dos Césares, Suetónio parece sugerir a aproximação entre o carácter e o aspecto exterior. Normalmente esta rubrica surge na estrutura das Vidas dos Césares em contexto próximo da narrativa da morte, o momento supremo da revelação do ethos, como um suplemento de informação que cria na mente do leitor uma imagem visual, mais ou menos coerente com a personalidade do césar, ilustrada com vários exemplos ao longo da biografia. Por isso, sugerimos como actividade uma análise dos textos relativos à descrição física, cotejando-os com outras informações das Vidas, de modo a definir os objectivos de cada um destes retratos.

 

Quinta, 5 de março, das 16:30 às 17:30.

 

Elementos para a formação do retrato político de Demóstenes e Ésquines.

Elisabete Cação, Doutoranda, Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.

Com este trabalho, pretendemos analisar alguns excertos dos textos de Ésquines e Demóstenes mais importantes do período 346-330 a.C. em Atenas, para compreender a caracterização política dos dois intervenientes. Suportando-nos de alguns caracteres de Teofrasto, faremos uma leitura e análise não só do carácter dos actuantes, bem como da conjuntura política da época e de que modo nela eles actuavam.

Desta forma, grande parte dos excertos será uma forma de invectiva política com o intuito primeiro de denegrir o carácter político de ambos, evidenciando os pontos mais negativos, recorrendo a estratégias retóricas, para que, através dos seus discursos, os cidadãos atenienses notassem em um e outro propostas coerentes e adequadas ao seu tempo.

 

Exercícios Retóricos Gregos e Latinos e os Antecedentes do Retrato.

Alexandre Agnolon, Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Departamento de Letras.

O objetivo precípuo do presente trabalho é apresentar alguns exemplos de Exercícios Retóricos gregos – os Progymnásmata –, datados desde pelo menos o século I a.C., como os de Teão de Alexandria, Hermógenes e Aftônio, bem como as lições de autores latinos, como o Anônimo da Retórica a Herênio e Quintiliano, nas Instituições Oratórias, em particular os exercícios que propõem ao aluno de retórica a confecção de descrições e retratos, fundamentais tanto para os proêmios e a narração dos discursos, como para a História, haja vista que a imagem se constitui estratégia discursiva eficaz para a geração de afecções na audiência. 

Colóquio Leir-UFOP / Universidade de Coimbra​.

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